quarta-feira, 9 de julho de 2008

Blogueiros do Pará criam movimento

COMUNIDADE

Objetivo é qualificar intervenção na rede e incentivar novas iniciativas


De uns tempos para cá, os blogs (espaços personalizados na internet que servem para postagem de informações e imagens variadas e comunicação instântanea com internautas múltiplos) vêm dinamizando o fluxo de informações, por meio de textos, imagens e sons, a ponto de liberar a criatividade, o senso jornalístico, a curiosidade e bom-humor de um monte de gente, aberta para o que acontece a cada instante. Em Belém, para dinamizar o surgimento e manutenção de blogs está em ação o movimento Blogueiros Paraenses, tendo à frente os internautas Karla Nazareth e Pedro Paes Loureiro.

Os dois perceberam que existem muitos blogs paraenses e de boa qualidade. 'Tem blogueiros conhecidos nacionalmente que interagem com os daqui de Belém', afirma Karla Nazareth, uma publicitária de 26 anos, responsável pelo blog Empurra com Água (http://www.empurracomagua.org). Ela e Pedro acabaram criando a comunidade Blogueiros Paraenses no Orkut, porque, apesar de bem estruturados, muitos blogs do Pará não vêm recebendo a devida atenção por parte de seus responsáveis. 'O Blogueiros Paraenses tem a proposta de justamente fazer com que os blogueiros deixem de lado a preguiça e atualizem os blogs com assuntos interessantes, e vem dando certo, porque tem gente que já voltou a escrever no blog a partir de contato com a comunidade'.

Mais de 100 internautas estão inscritos na comunidade Blogueiros Paraenses. Os blogs, como ressalta Karla Nazareth, começaram como um diário virtual na internet, e hoje em dia é um site simples no qual são expressas opiniões e comentários sobre políticas, filmes, críticas e mensagens em geral. 'Como os blogs se difundiram muito, muitos blogs são visados por empresas. Tem empresa que paga para blogueiro falar do produto dela'. Costumam confeccionar e conferir blogs jornalistas, músicos, cartunistas, publicitários e outros profissionais. 'Tem professores que estão em blogs abordando matérias específicas em link direto com os alunos'.

Para montar um blog, o interessado pode valer-se de um dos sites gratuitos, como o www.blogger.com e www.wordpress.com, os mais populares. Em seguida, define um nome para o blog, cadastra-se no site e aí está prontinho para ser usado. É importante que o blog esteja atualizado e desperte o interesse do público com assuntos específicos. Ter um bom texto também é fundamental. 'É preciso inovar sempre, ter imagens interessantes, ter opinião própria, porque tem gente que só copia, e também ter intercâmbio cm outros blogs. O blog tem que ser útil ao internauta, ou por opiniões importantes, boas dicas, como o blog 100grana.com, sobre opções de diversão sem dinheiro'. Karla Nazareth lista como blogs bem procurados em Belém o 100grana.com e o ressacamoral.com.

ORIGINALIDADE

Para Pedro Henrique Paes Loureiro, sobrinho do poeta João de Jesus Paes Loureiro, além de integrar os blogueiros no Estado o Movimento Blogueiros Paraenses serve para que as pessoas tomem conhecimento da produção local. 'É o embrião virtual de uma idéia bem maior, que é a de se organizar um BlogCamp no Pará. BlogCamps também são conhecidas como desconferências e são muito comuns em outros países e noutras regiões do Brasil. É um encontro de blogueiros para tirar a relação do campo virtual entre quem escreve os blogs. Unidos os blogs daqui podem melhorar de qualidade, angariar mais leitores e até ganhar projeção maior. Estimular o surgimento de novos blogueiros também faz parte da filosofia do movimento'.

Os blogs paraenses de conteúdo coletivo são os mais acessados. Entre esses estão o 100Grana.com (http://100grana.wordpress.com/), o blog paraense com o maior número de visitantes diários, com notícias sobre entretenimento e cultura pop (cinema, quadrinhos, animação, séries, música, TV aberta, games, brinquedos, cultura japonesa. São quase dez mil visitantes diários. Outro destaque é o Cintaliga (http://www.interney.net/blogs/cintaliga/), um blog de três mulheres. O Ressaca Moral (http://www.gardenal.org/ressacamoral/), que faz uma espécie de jornalismo bem humorado. Entre os individuais, Bitácora (http://pedrox.brogui.com), de Pedro Loureiro, o Empurra com Água da Karla Nazareth (http://www.empurracomagua.org/), o do Apoena Augusto (http://apoenaaugusto.blog.terra.com.br/) e os do Portal ORM, como o Blog da Luly (http://www.orm.com.br/blogdaluly) são alguns dos mais visitados. O escritor João de Jesus Paes Loureiro divulga poemas e outras preciosidades de sua obra no blog www.paesloureiro.com.br), o lBlog de Renan Guimarães (http://renanabiff.blogspot.com) com assuntos voltados para o mundo mundo mistico, como maçonaria, templarios entre outros, o Blog do Ariuca (http://www.ariuca.com) com asuntos, divesos sobre o municipio de Oriximiná, o Blog da Grande Jornalista FRASSINETE FLOREZANO, (http://www.uruatapera.com/blog/blog.asp) falando sobre todos os tipos de assuntos da região, norte do pais.


ESTIMULANTE

O jornalista Paulo Bemerguy criou em novembro de 2007 o blog Espaço Aberto (http://blogdoespacoaberto.blogspot.com/.). 'Decidi criar um blog porque nele posso fazer um jornalismo diverso daquele que os jornais fazem, evidentemente, mas sempre jornalismo. E o melhor é que o blog, por ser instantâneo, nos estimula ainda mais a saber das coisas e publicar na frente'. Bemê conta que o Espaço Aberto tem um perfil jornalístico, e por isso ele preza por informações e abordagens que não estão na grande Imprensa. 'Considero que esse boom dos blogs tem muito a ver com a facilidade de se criar esses espaços, com a instantaneidade que eles permites e com as múltiplas possibilidades de interação que oferecem. Porque há blogs, em Belém, no Pará, no Brasil e no mundo, que tratam de tudo - de futebol a física quântica, de política às últimas novidades sobre sondagens geológicas no fundo dos mares. Tudo'.

A moçada do Ressaca Moral está no ar desde o final de 2005, quando o blog passou a fazer parte do cotidiano dos internautas paraenses e dos de outras paragens. Quem assina o conteúdo do blog são os jornalistas Tylon Maués, Wladimir Cunha e Rafael Guedes, este irmão do analista de sistema Paulo Guedes e mais o publicitário Doda Vilhena. Como explica Tylon, o blog reúne textos autorais do grupo e de outros autores e ilustrações e fotografias. Os textos partem de um fato, ou são ficcionais, mas sempre valorizando esse novo espaço, como deve ser.




sexta-feira, 4 de julho de 2008




Já falei do tempo e do modo como se faz um maçon. É agora altura de falar do lugar.

Parecerá óbvio dizer que, para um maçon se fazer e crescer, o lugar próprio e indispensável é a Loja. Só comparecendo em Loja, só participando nas reuniões desta, o maçon reúne o acervo de informações de que necessita. Note-se que - já muitas vezes aqui o referi - o processo de construção do maçon, do seu templo interior, não é passível de ser ensinado. Tem que ser apreendido pelo próprio e assim por ele aprendido. Através do contacto com seus Irmãos; mediante a execução e progressiva familiarização com o ritual e consequente aquisição, compreensão e interiorização das lições e princípios morais que o mesmo encerra; pela observação dos variados símbolos em que o espaço da Loja é fértil e progressiva compreensão do significado de cada um, individualmente adquirida; com a interiorização de tudo o que o impressiona e consequente transformação pela integração no seu eu do resultado dela; porque o processo de formação de um maçon, mais do que uma aprendizagem clássica, é o resultado de um acumular perceptivo, tão direccionado à Emoção como à Razão.

Mas será porventura menos óbvia a afirmação que inicia o parágrafo anterior, se se atentar que logo a frase seguinte aplica dois sentidos diferentes de Loja: Loja enquanto espaço físico de reunião de maçons, como sinónimo de Templo ou, talvez melhor, do local onde fisicamente as reuniões maçónicas se efectuam; Loja enquanto conjunto de maçons agrupados na unidade básica e essencial da Maçonaria. Direccionada a nossa atenção para esta dicotomia, será possível atentar, então, na menos evidente noção de que o lugar de formação de um maçon é tanto o lugar de reunião dos maçons como o acto de estar entre e com os seus Irmãos. Não apenas por com eles estar; não só por com eles conviver; mas por ser no meio deles e com eles que obtém e afina as ferramentas que moldarão e aperfeiçoarão o seu carácter, permitindo que venha a efectivamente construir-se maçon.

Por outro lado, deve-se ter ainda presente que a Loja espaço físico simboliza todo o Universo (um dia destes desenvolverei este conceito) e a Loja grupo de maçons simboliza a Sociedade que se pretende ideal. Então trabalhar no espaço físico da Loja deve ser tido como símbolo de trabalhar no espaço de todo o Universo. Ou seja, o maçon constrói-se no espaço físico da Loja mas, na medida em que esse espaço físico da Loja simboliza todo o Universo, o maçon em construção deve apreender que essa auto-construção, esse seu aperfeiçoamento, deve ocorrer em todo e qualquer local onde se encontre. E, na medida em que a Loja grupo de maçons simboliza a ideal Sociedade em construção, o maçon constrói-se no contacto e mergulhado no grupo de seus Irmãos mas deve também apreender que essa auto-construção, esse seu aperfeiçoamento, é um esforço e um acto e um desígnio que constantemente deve efectuar, realizar, prosseguir, esteja junto de quem esteja, maçon ou profano.

Concluindo: o trabalho de construção de um maçon começa e decorre necessariamente em Loja e com a Loja. Mas prossegue e afirma-se, também necessariamente, no local e junto de quem a Loja, em ambas as suas noções, simboliza, isto é, em todo e qualquer lugar onde se encontre o maçon, junto de toda e qualquer pessoa com quem o maçon interaja.

Do lugar restrito e a coberto dos profanos para todos os lugares; de entre seus Irmãos, assegurando-se que o são pelos modos de reconhecimento que são próprios dos maçons, para junto de toda e qualquer pessoa, maçon ou profano, justo ou pecador. Porque o lugar onde se faz um maçon é um ponto de partida e logo um percurso. Com um único lugar de chegada, definido por uma hora, a da sua meia-noite. Nesse lugar, do recôndito ao imenso, nesse percurso, o maçon deve prosseguir sempre e incansavelmente seu trabalho de se fazer maçon - sem direito a horas extraordinárias nem a subsídio de deslocação...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Prelazia

Prelazia é um tipo de circunscrição eclesiástica erigida para atender a necessidades peculiares em um território (prelazia territorial) ou de um grupo de fiéis (prelazia pessoal). As prelazias territoriais e pessoais são similares às igrejas particulares e, como estas, têm fiéis, clero e pastor próprio.

O conceito no Direito Canônico define que estas “constituem a una e única Igreja católica, são primeiramente as dioceses, às quais, se equiparam, não constando o contrário, a prelazia territorial, a abadia territorial, o vicariato apostólico, a prefeitura apostólica e a administração apostólica estavelmente erigida".

Prelazia territorial

De acordo com o Código de Direito Canônico da Igreja Católica Apostólica Romana, “a prelazia territorial ou a abadia territorial são uma determinada porção do povo de Deus, territorialmente delimitada, cujo cuidado, por circunstâncias especiais, é confiado a um Prelado ou Abade, que a governa como seu próprio pastor, à semelhança do Bispo diocesano.” (Cân. 370)

Na terminologia anterior ao Vaticano II denominava-se prelazia nullius, forma abreviada de prelazia nullius dioeceseos (de nenhuma diocese), mais tarde passou à denominação de "prelazias e abadias com povo próprio". Atualmente o termo adotado é "prelazias territoriais", distinguindo-as das prelazias pessoais.

O pastor próprio das prelazias é o Prelado que, em geral, pode ser ordenado bispo, e nomeado para uma sé titular em caráter temporário ou vitalício, conforme estabeleçam os estatutos próprios da prelatura ou prelazia. Os abades territoriais nunca são ordenados bispos.

Prelazia pessoal

As prelazias pessoais são previstas pelo Vaticano II, em seu decreto Presbyterorum Ordinis e foram regulamentadas nos cânones 294 a 297. A prelazia pessoal difere-se da territorial pelo fato de os seus fiéis ou membros a ela se filiarem sem limitação territorial, isto é não precisam estar numa determinada circunscrição territorial para a ela se ligarem. Neste caso o vínculo com a instituição se dá de maneira exclusivamente pessoal em qualquer parte do mundo.

A primeira prelazia pessoal existente na Igreja Católica é o Opus Dei (Personalis Praelatura Sanctae Crucis et Operis Dei) erigida pelo Papa João Paulo II, por meio da Constituição Apostólica Ut Sit, de 28 de novembro de 1982.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A ORIGEM DOS CONFLITOS ENTRE A IGREJA CATÓLICA E A MAÇONARIA

A Maçonaria, pode-se dizer, nasceu na Igreja Católica. Como construtores que eram, os maçons passavam longo tempo a construir catedrais e mosteiros.
Estes pedreiros, homens simples, ignorantes e rudes, recebiam, principalmente dos dominicanos, com quem viviam em estreito relacionamento, instrução e evangelização.
Além de ler e escrever, aprendiam a dar graças, a caridade e os princípios morais do cristianismo. Podemos crer que, nalguns ritos, a prece na abertura dos trabalhos o tronco, seja resultado desta convivência.

Vejamos, então, como começaram os conflictos.

A Maçonaria como instituição associativa deu os seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros se dirigiu ao prefeito de Londres, e solicitou o registro da Associação de Pedreiros Livres.
Oficialmente registada e devidamente autorizada, os seus membros passaram a ter certos direitos e vantagens, tais como: Trânsito Livre, naquela época não se tinha a liberdade de viajar; Liberdade de reunião, naquele tempo era proibido, devido ao receio de conspirações e tramas contra os poderes constituídos; e a Isenção de impostos que obviamente agrada a qualquer um.

Pouco tempo depois, em 1455, Jonhann Gutemberg inventa a impressora com simbolos móveis, e é publicada a primeira Bíblia em latim. Assim, o evangelho passa a chegar mais facilmente a todas as camadas da população.
Quem lê, pensa mais e sabe mais. A história começava a mudar.

Em 1509 subiu ao trono da Inglaterra o rei Henrique VIII que, logo de seguida, se casa com Catarina de Aragão. Porém, mais tarde, apaixonado por Ana Bolena, contraria-se ao não obter do Papa o divórcio para casar com a sua amante. Após insistentes tentativas, revolta-se e simplesmente não reconhece a autoridade do Papa, fundando uma nova religião, a Anglicana.
Constitui-se como único protector e chefe supremo da Igreja e do clero de Inglaterra, acaba com o celibato dos padres e confisca os bens da Igreja.
Henrique VIII é excomungado, mas não se preocupa minimamente.
Com a morte de Henrique VIII em 1547, o trono foi ocupado por vários reis e rainhas até á chegada, em 1558, de Elizabete I que, como Rainha da Inglaterra, solidifica a Igreja Anglicana, como está, até aos dias de hoje. Durante o seu governo, a Inglaterra torna-se uma potência mundial e, embora não fosse um súbdito católico, por tudo que ela fez contra o catolicismo em geral, o Papa Pio V excomungou-a em 25 de fevereiro de 1570.

Até aqui, a Maçonaria continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada.

Em 1600, um facto aparentemente sem importância iria mudar os rumos da Maçonaria. É aceite o primeiro maçom especulativo, de que se tem noticia, Lord Jonh Boswel, um agricultor (plantava batatas). Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer á Associação dos Pedreiros Livres.
Em 1646 é aceite outro especulativo, Elias Ashmole. A importância deste facto é que Ashmole era um intelectual, alquimista e rosacruz. Alguns autores atribuem-lhe a confecção dos Rituais do 1°, 2° e 3°grau, graças aos seus conhecimentos de Rosacruz.
As lojas proliferavam. Eram mistas ou só de especulativos.

Em 24 de junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres e a partir daí a Maçonaria começou a expandir-se e a ser exportada para países vizinhos: Holanda em 1731; França e Florença em 1732; Milão e Genebra em 1736 e Alemanha em 1737.

Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz, constituída de nobres e aristocratas, começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversões para derrubar o poder foi mais forte, e começaram as proibições.

Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao Papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido aos seus membros segredo absoluto, sob severas penas, e que prestava obediência a um poder central de Londres. O que fazer?

Com o Papa Clemente XII doente, constantemente acamado, totalmente cego há 6 anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações e ainda sob a pressão dos governantes que exigiam providências e, também, dos inquisidores que exerciam a sua influência, o Papa assinou em 28 de abril de 1738 a Bula In Eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.

Esta Bula excomungava todos os maçons e afirmava que era bom exterminar essas reuniões clandestinas, pois, poderiam actuar contra o governo.

Bem, com a divulgação e publicação da Bula nos países católicos, foram-se desencadeando as proibições. Em França, o parlamento não a aprovou e por isso não foi promulgada. Sendo assim, em França, oficialmente, a Bula não entrou em vigor.

Nos Estados Pontifícios (Itália desunificada), cuja constituição administrativa era católica, todo o delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei. Deu-se então uma verdadeira caçada á maçonaria e aos seus membros.

A inquisição, encarregada de executar as ordens papais torturou, matou e queimou inúmeros maçons e, logicamente, pessoas inocentes que eram confundidas com maçons.

Em 1800 foi eleito Pio VII, e durante o seu papado, surge Napoleão Bonaparte. Entre outros feitos, provocou a fuga da coroa portuguesa para o Brasil em 1808 e conquistou Roma, proclamando o fim do poder temporal do Papa mantendo-o preso no castelo de Fontainebleau.
Pio VII só recuperou parte de suas possessões, com a queda de Napoleão em 1815.

Nesta época, porém, o mundo já não era mais o mesmo.
Os ideais de libertação afloravam e iniciaram-se diversos movimentos pelo mundo, praticamente todos liderados por maçons, que conseguem a independência dos seus países.

Estados Unidos, 1783; França, 1789; Chile, 1812; Colômbia, 1821;Peru, Argentina e Brasil, 1822.

A maçonaria deixou então de ser simplesmente inconveniente e passou a ter mais ação, concreta e objetiva, e com isso recebia condenações mais veementes da Igreja.

Neste momento façamos uma pequena paragem. A maçonaria até aqui havia sido sempre condenada e perseguida por terceiros motivos. Até esse momento a Igreja Católica nunca tinha sido atingida diretamente pela influência maçônica.

O facto que realmente condenou a maçonaria pela Igreja Católica aconteceu no processo da reunificação da Itália. O trauma desse episódio não é esquecido até hoje por alguns sectores da Igreja.

A Itália, nesta época, era uma “Manta de Retalhos”, constituída por vários estados entre os quais os Estados Pontifícios, que correspondiam a aproximadamente 13,6% do total da Itália, ou seja, eram 41.000 Km², que pertenciam ao clero e localizavam-se na região central.

A população dos Estados Pontifícios não tinha acesso a nenhum cargo público, que era explorado pelo clero. Todos os funcionários públicos usavam o hábito.

O inconformismo e os movimentos de libertação começam em 1767, sendo os jesuítas expulsos de Nápoles.
Em 1797 é fundada a Carbonária, seita de caráter político independente da maçonaria, que tinha como objetivo principal a Unificação da Itália.

Pio VII em 1821, lança a Bula Ecclesiam A Jesu Christo condenando a atividade dos carbonários. A Carbonária tornou-se perigosa e prejudicial à maçonaria pois era confundida com esta. Os Carbonários tinham os seus aprendizes, mestres, grão-mestres, oradores, secretários, sinais, toques, palavras, juramentos e, é claro, segredos.

Os principais líderes Carbonários: Cavour, Mazzini e Garibaldi eram maçons, por isso, a Carbonária era muito confundida com a maçonaria, porém, diferenciavam-se pela origem, finalidade e actividades. Os carbonários matavam se fosse preciso.
Nos Estados Pontifícios explodiram grandes desordens. A insatisfação contra o clero, que não permitiam que os leigos ocupassem cargos administrativos, era grande.

Em 1848 o Papa Pio IX é obrigado a refugiar-se em Nápoles, devido á revolução, e lança após alguns meses a encíclica Quibus Quantisque, responsabilizando a Maçonaria pela usurpação dos Estados Pontifícios.

Em 1849 é proclamada por uma Assembléia a República em Roma. Nesse momento, Pio IX lançou cerca de 226 condenações contra a maçonaria. Ele e o seu sucessor, Leão XIII, lançaram cerca de 600 documentos de condenações.

Em 14 de maio de 1861, Vítor Manoel é proclamado Rei da Itália Unificada.

Como se vê, a Maçonaria estava condenada. Motivo? A Unificação da Itália... Ideal Carbonário.

Em 27 de maio de 1917 é promulgado por Bento XV, o primeiro Código de Direito Canônico, também chamado de Pio Beneditino onde se refere a Maçonaria da seguinte forma, no seu Cânon 2335:
“ Os que dão o seu próprio nome à seita maçônica ou a outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem Ipso Facto, na excomunhão simplificter reservada à Sé Apostólica.”

E mais, recomendava noutros Cânones o seguinte:
Que as católicas não se casassem com maçons; que seriam privados de sepultura eclesiástica; privados da missa de exequias; não seriam admitidos em associações de fiéis; não poderiam ser padrinhos de casamento; não fariam a confirmação do baptismo (crisma); não teriam direito ao patronato, etc.

Os Sacramentos proibidos são: Baptismo, Eucaristia, Crisma, Penitência (confissão), Matrimónio, Ordenação Sacerdotal e a Unção dos Enfermos.

Para atender os anseios dos irmãos católicos, a Maçonaria criou o Ritual de adopção de Loutons, de apadrinhamento, Ritual de Pompas Fúnebres e o Ritual de confirmação de casamento.

Em 11 de fevereiro de 1929 foi criado o Estado do Vaticano pela assinatura do Tratado de Latrão, onde o poder Papal ficava restrito ao Vaticano com 44.000 m2 (anteriormente tinha 41.000 km2) e Pio XI reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios e afirmava a sua permanente neutralidade política e diplomática,etc.
Com o Tratado de Latrão assinado, encerra-se o processo da Unificação da Itália. O ideal Carbonário fora conseguido e a Carbonária desaparece logo após a Unificação da Itália.

Enfim, ficou o estigma da condenação.

Em 27 de novembro de 1983, já sob a autoridade do Papa João Paulo II, foi publicado um novo Código de Direito Canônico, que entrou imediatamente em vigor, reduzindo para 1752 os 2414 Cânons do antigo código.

O Código mais importante, referente á Franco-Maçonaria, é o 1374: “Aquele que se afilia a uma Associação que conspira contra a Igreja, deve ser punido com justa penalidade; e aqueles que promovem e dirigem estes tipos de Associações, entretanto, devem ser punidos com interdição”. Com isto, a maçonaria está legalmente e literalmente livre do estigma.

Entretanto, no mesmo dia, foi publicado uma Nota no jornal oficial do Vaticano, a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, que dizia:
“Permanece imutável o juízo negativo da Igreja perante as Associações Maçônicas, porque os seus princípios sempre foram considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja, e por isso, a inscrição continua proibida. Os fiéis que pertencem às Associações Maçônicas estão em estado de PECADO GRAVE e não podem receber a SANTA COMUNHÃO.
Não compete às autoridades eclesiásticas locais, pronunciarem-se sobre a natureza das Associações Maçônicas com um juízo que implica na revogação do que é estabelecida”.

A publicação da Declaração foi mais uma acomodação política aos minoritários insatisfeitos, e pode-se dizer a contragosto do Papa. Afinal, ela afrontava uma decisão já tomada e aprovada, logicamente pela maioria de toda a Congregação reunida com a finalidade específica de renovação do Código.

Enfim, com a publicação no novo Código do Direito Canônico, e também da declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, o que mudou na relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica?

Mudou muito pouco em relação ao que se esperava, mas esse “muito pouco” é alguma coisa para quem não tinha nada. É uma esperança.

Paciência e esperança, essas são as palavras.

A pacificação total virá com certeza, mas não se pode ter pressa. Já foi um enorme passo a publicação do novo Código de Direito Canônico. Na medida em que, paulatinamente, as luzes se forem acendendo no entendimento de cada autoridade eclesiástica certamente novos horizontes surgirão.

Vimos, pela própria aprovação do Código do Direito Canônico, que a maioria do clero quer a pacificação, senão ele jamais seria aprovado, e é isto que deve acalentar as esperanças dos católicos, e até lhes dar confiança diante das vicissitudes.

Se o progresso é lento para a pacificação total, por outro lado, não há nada que justifique um retrocesso no futuro.

FÉ E VAMOS VER, MEUS IRMÃOS, A PAZ TOTAL VIRÁ.